A agonia de ser um procrastinador crônico ambicioso

Eu acho perfeitamente aceitável você ser um cara sem muita ambição na vida. Aliás, no meu caso é invejável.

Não tô falando de ser um cara mediano. É de aspirar a ser um. Sim, eu sei que hoje em dia tem toda aquela coisa motivacional, de que você pode ser o que quiser, desde empreendedor até astronauta e presidente do Brasil. E eu fui meio que contaminado por isso. 1

Eu sou um homem ambicioso. Não sei se faz parte da minha personalidade ou se eu aprendi isso na Internet, mas é um fato.

Outro fato, entretanto: eu sou ridiculamente preguiçoso. Imagino que a intermitência de posts nesse blog deve ter demonstrado isso. Eu poderia culpar a faculdade ou qualquer outra coisa, mas a plena verdade é que eu enrolo MUITO pra começar todo o processo de criar um post.

No caso das reviews, o processo envolve usar o produto por um tempo, tirar as fotos, escrever, colocar as fotos no post, publicar e divulgar. Simples o suficiente. Mas geralmente eu fico algumas semanas, meses e quem sabe a eternidade no primeiro passo, até algum dia surgir uma fagulha de motivação aleatória que me faz começar a escrever.

A ironia, aliás, é que eu fiquei pensando em escrever esse exato post por mais de uma semana. 2

Desde que eu entrei na faculdade, a minha procrastinação atingiu níveis elevadíssimos, quase se tornando um estilo de vida. Nem sei o que culpar: redes sociais, uma patologia inventada ou um curso que eu não gostei nem um pouco.

O problema é que todo mundo sabe como resolver o problema de enrolar: simplesmente começar a fazer as coisas.

A solução é muito simples, mas não é fácil. Eu nem sei o motivo. Enrolar não é prazeroso. É uma sensação horrível.

Sempre que eu tenho uma coisa pra fazer e entregar é um arrasto. Quando você tá procrastinando, todo seu lazer fica com uma carga de culpa atrás. Você sabe que não deveria estar fazendo isso.

Aliás, é daí que eu acho que surge o problema. A voz da sua consciência começa a te dizer que, se continuar assim, você nunca vai conseguir fazer nada relevante ou produtivo. Isso gera um impacto negativo que te faz buscar alguma fonte de satisfação, e rápido. Nisso se cria um loop de enrolação que se concretiza pela máxima: “só um pouquinho, daqui a pouco eu começo”.

Todo mundo e a mãe dele sabe que essa é a maior mentira que a gente conta todo dia, e o pior é que a malandragem é com você mesmo.

Como o nosso cérebro é capaz de se convencer com a mesma falcatrua todos os dias, é um mistério. 3

Disso, aparece a outra parte do problema: meu self-talk ainda tem um longo caminho pela frente. A minha consciência é, as vezes, totalmente auto-derrotista. Reconheço essa falha e é uma coisa que eu venho tentando melhorar. O ponto é, essa “voz” na minha cabeça fica me lembrando que eu nunca vou conseguir nada de bom na vida se eu continuar desse jeito, que eu vou passar a vida vendo as coisas acontecerem e nunca fazer nada. 4

É uma mentalidade contraprodutiva, pelo menos pra mim. Cria uma sensação de impotência mesmo.

Por isso eu digo, que se eu talvez fosse menos ambicioso, o problema seria menor. Essa voz me incomodaria bem menos, e por consequência, causa menos problemas.

A “vontade” constante de fazer coisas grandes, de ter uma vida diferenciada e de ter relevância luta constantemente com a preguicite aguda. Se eu desejasse apenas um emprego comum e um estilo de vida médio, talvez não teria tanto problema.

O tempo é o nosso recurso mais precioso e limitado, e simplesmente ver ele escorrer por entre seus dedos, se sentindo incapaz de fazer qualquer coisa a respeito é agoniante. 5

Consertar o meu “self-talk” é provavelmente a primeira coisa que eu devia fazer, mas amanhã eu começo.

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