Eu sei lá. O Exame Nacional do Ensino Médio é amanhã, e eu resolvi escrever isso aqui pra lembrar do meu mental state daqui alguns meses ou anos, e também pra ajudar qualquer um que leia isso.
Então. Eu vejo por aí uma quantia imensa de pessoas desesperadas para estudar e se entupir de informação no dia antes da prova. E não, não é exagero.

Mas o ENEM não é uma prova qualquer. É uma prova que gosta de jogar com você, ele entra no seu sub-consciente e te faz tremer, te abala, te destrói. Uns fazem textão no Facebook afirmando o quanto a vida é injusta, parecendo o Hardy se lamentando. Mas se você lê o que eu escrevo, você é inteligente. Você entra no jogo do ENEM e destrói ele. A gente não sai de casa no sábado e domingo de brincadeira. A gente sabe que na primeira palpitação, já era. Acabou, você perdeu. A chave pra vencer é encarar ele e destruir ele mentalmente antes de destruir ele com sua caneta BIC preta esferográfica de tubo transparente. A atmosfera é de ansiedade, medo, pânico, mas você sabe que esses já foram eliminados e só a sua auto-confiança pode te levar ao topo.
Então, eu resolvi escrever isso aqui pra escrever como eu me senti no antes, durante e depois.
Primeiro Dia – O Antes
O dia que aparentava nunca chegar, chegou. Quando eu entrei no Ensino Médio, parecia uma visão tão distante, e seria clichê dizer que chegou em um instante, até porquê não chegou, mas chegou. O sumo dos últimos 10 anos de estudo em uma prova de dois dias. É estranho pensar nisso, para alguns, aterrorizante até. Mas isso não me amedronta, talvez me impressione menos do que devia. Eu inclusive podia ficar aqui filosofando sobre isso por mais alguns vários parágrafos, mas não.
Realmente confiante é como eu me descreveria. Já fiz alguns exercícios de imaginação de como será a minha vida na faculdade. Algumas prospecções para o futuro. Visualizar a meta é parte importante de alcançar ela, e isso é fácil.
Hoje foi o primeiro dia do ano que eu dei um tapinha nas minhas costas e me congratulei por não ter feito absolutamente nada. É que se eu vou ter que canalizar uns 85% do meu foco durante umas o quê, quatro horas e meia amanhã, hoje é um bom dia pra descansar a mente, relaxar e fazer outras coisas. Mas eu não entro nessa vibe de ficar pilhadão pra prova, isso não vai melhorar a minha memória e com certeza leva a fadiga precoce.
Só dei uma olhada no edital da prova por quê afinal, se você vai jogar um jogo, é fundamental entender as suas regras. Mas não tinha nada demais não, só me atentei a algumas coisas. É legal conversar com a rapazeada e ver que eles estão nessa onda de positividade e legitimamente esperando que seus amigos passem também.
Vamo ver no que vai dar.
Segundo Dia – O Durante
Eu estaria sendo desonesto se eu dissesse que a minha total confiança e motivação se transferiram de forma integral pra “hora do vamo vê”, mas de forma geral, nada que um pouco de respiração e alinhar os pensamentos não pudesse resolver. Quanto a prova, foi razoavelmente tranquila, nada muito além ou aquém do esperado. Algumas coisas que eu não sabia, algumas pegadinhas, alguns vários chutes. Pra ser sincero, teve até alguns momentos no meio da prova que quase passou um “não vai dar não” ou um “devia ter estudado mais”, mas isso não me atrapalhou.
Pelo gabarito extra-oficial e a minha memória, foram 65 mortos de um total de 90 feridos. Razoável, mas já me deixou mais empolgado para o segundo dia. Como isso não dá uma prévia da nota real, é difícil dizer. Eu estou escrevendo isso na manhã seguinte já pra dar aquela aquecida pra reda-sena. Um pouco diferente de ontem, eu pretendo dar uma última olhada em algumas fórmulas e alguns argumentos prontos pra redação. Sim, argumentos prontos porquê afinal de contas, não dá pra se ter uma opinião sobre TUDO no mundo, e assim eu já escrevo o que o corretor quer ler.
Só vamo.
Terceiro Dia – O Após (ou Dawn of the Final Day)
Agora já foi. É como colocar a cabeça na luz que está no final do túnel e enxergar o mundo de fora novamente. É estranho saber que o clímax do ano escolar já foi, e mesmo que as aulas ainda não tenham acabado, é como se fosse o primeiro dia de férias. Até eu saber essa nota, a escola está despropositada. A suma de mais de 10 anos estudando foi essa prova. É como ensaiar para uma peça por mais da metade da sua vida.
Quanto ao desempenho, dava pra ter sido melhor. Sempre dá, e eu já sabia disso desde o começo. Mas talvez eu tenha me esforçado de menos. De qualquer forma, agora que já passou eu enxergo que um pouco da heroização que eu criei nos dias anteriores foi uma forma de compensar pela falta de estudo. Mas que ajudou, ajudou. As vezes a gente precisa mudar como nos sentimos de forma artificial, mesmo que por alguns momentos, para enfrentar certas dificuldades. Ajuda.
No mais, eu espero para saber se esse foi o passo adiante ou se ele ainda está por vir.
Foi divertido escrever isso aqui e ajudou a me esclarecer um pouco a mente, e ser sincero comigo mesmo. Espero que ajude você, não nesse ENEM mas quem sabe nos próximos vestibulares.