Sobre mudanças na rotina (ou o ano em que as coisas finalmente mudam)

Estamos nas últimas aulas do ano, do Terceiro ano do ensino médio. O que quer dizer que necessariamente, esse é o último ano de uma conjunção de o quê, uns 6 anos estudando com praticamente a mesma turma? Significa que daqui alguns dias, tudo aquilo que a gente chama de rotina vai mudar. Enquanto eu sempre tive como certo acordar 5 dias por semana para me reunir com as mesmas pessoas e ouvir os mesmos professores, fazer o mesmo tipo de prova todos os meses, tudo isso está a beira de se tornar inexistente.

Experiências sociais limited edition.

E é estranho, no mínimo. Afinal de contas, muitas das nossas relações pessoais só existem por causa da convivência e isso quer dizer que após esse mês, muitas das pessoas que eu vejo diariamente só existirão nas ocasiões raras em que se fofoca ou se ouve falar sobre alguma coisa qualquer sobre a vida delas. Claro, aqueles mais próximos são levados consigo para o resto da vida, mas mesmo assim são raros os momentos onde se dá pra unir toda a rapazeada como hoje é tão fácil. Tudo que existe está fadado a acabar eventualmente.

As pessoas exclamam como nos dias atuais as relações distantes são infinitamente facilitadas por conta das tecnologias de comunicação, mas elas se esquecem que 90% das pessoas com quem interagimos são situacionais, pessoas que você acaba conversando pelo ato de conversar, pessoas que estão no lugar certo e na hora certa pra se desenvolver algum tipo de conversa. Você não aponta pra alguma coisa e repara o quão engraçada aquilo é, ou tece qualquer comentário sobre alguma frivolidade qualquer quando você não está do lado da pessoa, por exemplo. Ninguém chama um cara que não vê a meses para contar uma piadinha ou falar sobre o seu dia.

Aliás, é no ambiente escolar que se dão as nossas primeiras interações sociais além do lar, e isso acaba definindo o caráter da maioria. Talvez seja por isso que a maioria de nós tem dificuldade em mudar de escola quando pequeno e isso persiste depois de grande.

Algo me diz que esses fortes laços construídos ao longo de anos não acontecem mais daqui pra frente. Sabe, a amizade auto-interessante criada a partir da repetição e do cansaço da convivência. Claro que na faculdade e no mercado de trabalho são construídas muitas amizades também, mas olhando daqui onde eu estou, parecem relações relativamente mais superficiais e interesseiras. Não que isso seja errado, toda relação humana tem um interesse e é isso que mantém ela. Mas é que durante o período dos ensinos fundamental e médio esses interesses costumam ser a própria amizade, até porquê criança não se interessa no dinheiro ou poder dos outros.

Aliás, é engraçado a falsa nostalgia que acontece nesses momentos de partida, e como boa parte do rancor acumulado vai embora pelo simples fato de ser um legítimo adeus. Como todas as diferenças, discussões, brigas por motivos imbecis, tudo isso fica tão insignificante com o passar do tempo. Os novos problemas são maiores e os antigos parecem cada vez mais infantis. Nunca fica mais fácil, mas fica melhor.

De qualquer forma, eu quero mandar um abraço pra todo mundo que já estudou comigo. De forma positiva ou negativa, você influenciou a minha vida e é parte do que eu sou hoje. E eu tenho certeza que de alguma forma eu te influenciei também, seja mostrando como eu penso sobre alguma coisa ou ainda fazendo o seu dia, nem que 3% melhor, falando algo que alguém achou engraçado. Mesmo com qualquer inimizade que possa ter acontecido, você foi importante pra mim.

Valeu, pessoal!

 

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