Não, não é necessariamente um post sobre a moral de piratear, se isso é roubo ou se é ético, essa discussão já tem muitos anos e já tá chato. Vamos ignorar os preceitos morais e observar o assunto de outra maneira.
A questão é que o meu cérebro (e o de muitas outras pessoas) não foi necessariamente feito pra lidar com o excesso da disponibilidade de conteúdo, principalmente em uma área como videogames. Um exemplo disso foi o meu PSP, a primeira coisa que eu fiz ao comprá-lo foi destravar e lotar o bicho de emuladores, ROMs, jogos nativos e tudo mais, coisa de uns 40 jogos ou mais. A segunda coisa foi usar por uma semana e esquecê-lo na gaveta e só lembrar dele pra pegar o microSD de 16GB pra usar no 3DS.
A minha Steam não é muito diferente, com um backlog maior que o Mar Negro que me custaria alguns meses contínuos para zerar tudo. Mesmo que não seja pirataria, uma pletora de jogos disponíveis a custos ínfimos (ou ainda de graça como a maioria dos meus jogos, comprados com o dinheiro de itens virtuais de jogos e cartinhas) acaba sendo, na prática, a mesma coisa (só que legal e ajuda os desenvolvedores)
Nessas alturas, o meu catálogo mais parece um cemitério de jogos não terminados com os quais eu perdi o interesse. Na maioria das vezes acontece o seguinte loop:
Primeiro, eu compro o jogo. Aí eu jogo, as vezes eu não vou muito além do começo, as vezes eu até chego perto do fim. Então, aparece alguma outra coisa pra comprar, eu prometo voltar ao primeiro jogo logo que possível, mas depois de uma semana ou duas, eu já me perdi no primeiro jogo ou perdi o impulso de jogar. Assim como uma moça com mais roupas que dias do ano, reclamo que não tem nada pra jogar (entre os 540+ jogos da minha Steam) e vou comprar outro jogo ou esperar alguma sale. O ciclo se repete.

Existem exceções, como o meu 3DS onde eu faço questão de jogar apenas um jogo por vez, para evitar exatamente esse problema. Até agora tem funcionado muito bem, a vontade de jogar outros jogos que já foram lançados serve como uma cenoura na minha frente pra zerar logo o jogo que eu peguei pra jogar, pra ficar sempre motivado e não abandonar a coisa toda.
Eu também estou usando essa abordagem para livros, mesmo sabendo que você pode parar de ler um livro e ler outro assim que der vontade, eu passei a pegar um único por vez e me obrigo a terminá-lo antes de começar outro. O resultado é ter lido menos livros, mas terminado eles ao invés de um monte de coisa começada sem final.
Talvez eu devesse usar esse tipo de coisa na vida real, mas é muito mais difícil fazer do que falar. Talvez seja esse constante malabarismo entre as coisas que nos tem importância que faz com que a gente abandone um monte de projeto legal. Sei lá quem disse que a parte mais difícil era dar o primeiro passo, mas era um mentiroso.